Celebrado por uma pobre e esquecida família confinada dentro de um estábulo cuja manjedoura serviu de berço, cercada por dóceis criaturas animais que servem às necessidades alimentares dos humanos, longe de quaisquer aglomerações, banquetes, honrarias e demais celebrações supérfluas que as ostentações terrenas podem proporcionar, em um Natal cuja circunstância ímpar deste ano de pandemia nos revelou uma rara oportunidade de refletir e experimentar um pouco o que fora o primeiro Natal.
Vendo os lamentos, tenho a impressão que este ano não foi muito agradável o “Natal” do consumismo em banhos de lojas com presentes caros que serão pouco úteis, dados a crianças de todas as idades, regado a músicas obscenas, bebedeiras, gulodices e vulgaridades.
Também foi incomodado pela pandemia o “Natal” do “Papai Noel” inúmeras vezes citado e/ou caricaturado só para esconder o nome do verdadeiro aniversariante, em anúncios comerciais e mensagens de “boas festas” sem graça, distribuídas em redes sociais de empresas e escritórios administrados por pessoas que se dizem cristãs, mas que se revelam incapazes de quebrar o protocolo de usar uma linguagem secular, que parece ter vergonha do verdadeiro sentido do Natal mais do que qualquer outra coisa, justamente no momento mais sublime no início da grande esperança; a chegada do Verbo encarnado entre nós!
Do verdadeiro Natal escondido partiu a história até a Cruz, e seguiu pela fé que atravessa os séculos! Do Menino-Deus ao Homem-Evangelho crucificado, ressurreto que agora atravessa os tempos e coleciona inimigos.
O Império Romano foi o primeiro que tentou destruí-Lo, ainda na infância, O forçando junto com os pais ao drama de viverem como refugiados no Egito, dada a matança dos infantes em terra nativa. Ele foi levado à Cruz como mais uma tentativa de destruição pela ótica dos poderes políticos cegos aos desígnios divinos. Depois os apóstolos foram trucidados; cabeça decepada, crucificação de cabeça para baixo, apedrejamentos, e tudo o mais para tentar destruí-Lo. Não conseguiram. Mais adiante sobrou para a igreja com crianças, idosos, mulheres, homens, todos que testemunhavam a fé serem submetidos à carnificina do Colosseo para o divertimento da massa ignara no pão e circo dos imperadores.
Ele continuou na história…Quanto mais tentavam destruí-Lo, mais Ele crescia pela fé. Vendo que não poderia vencê-Lo, então o Império se aliou ao sistema de fé que estava em evidência em Roma e no final, foi a Igreja Católica Apostólica Romana que ficou de pé e o mesmo Império do Ocidente que fez populismo com a religião, não resistiu às crises e caiu!
Depois, muçulmanos tentaram destruí-Lo e foram derrotados na Europa por reis e nobres que carregavam a fé legada pela Palavra da Cruz que Ele deixou. Ele venceu de novo!
Ao longo dos séculos, epidemias passaram… E Ele permaneceu seguindo!
Então veio o período medieval em que o absolutismo monárquico foi crescendo e contagiou até mesmo a Igreja Romana, mas então aconteceu a Reforma Protestante que trouxe à luz a reflexão de que Ele é a Palavra de Deus… Ele é o Evangelho, a razão das coisas e não as instituições humanas!
Quem venceu nos litígios entre católicos e protestantes? Ele, novamente! A Reforma do século XVI despertou a fé para voltar às suas raízes e serviu também para que a própria Igreja Romana iniciasse a sua reforma interna e assim acordasse das trevas. Protestantes expandiram o cristianismo e aos mesmo tempo provocaram o catolicismo a se pautarem mais na evangelização. No final, ficou evidente que Ele prevaleceu! Não importa se são católicos romanos, ortodoxos, coptas, anglicanos, luteranos, batistas e demais protestantes; ficou claro na história do cristianismo que Ele está acima de todos!
Depois da Reforma, o absolutismo monárquico sucumbiu na Revolução Francesa no final século XVIII e as ideias socialistas cresceram desde então. Socialistas e comunistas perceberam que Ele é a base de uma ética que atravessa os tempos e sustenta a propriedade privada mais antiga, antecessora aos estados: a família. Iniciava-se ali uma guerra da política moderna agora escancaradamente socialista contra Ele.
Quando socialistas chegaram ao poder e criaram a União Soviética, iniciaram, por sete décadas, uma grande ofensiva para destruí-Lo, descaracterizando famílias, disseminando ideologias que degeneram valores morais. Nos anos 1920, 1930 e meados dos anos 1940 fascistas e nazistas tomavam conta do ocidente e queriam ocupar um espaço na vida das pessoas que só Ele pode ocupar e eis que no mesmo século XX ocorreram duas guerras mundiais… No meio do luto de dois conflitos cujas proporções gigantescas eram coisas novas na nossa espécie, Ele foi celebrado! As guerras acabaram… Ele continuou para fortalecer as nações na retomada!
Porém, o mundo terreno não cessa na ebulição entre homens e poder político e foram se multiplicando projetos ideológicos tentando ocupar um espaço na vida das pessoas que só Ele pode realizar. Todos, fascistas, nazistas e socialistas/comunistas queriam criar um ser humano totalmente manipulável, previsível, impensante, de acordo com os projetos de poder que lhes convinha e para isso, teriam que ser seres reformulados, sem que Ele estivesse presente.
Assim fascistas tentaram destruí-Lo e Ele venceu! Nazistas tentaram também, e no final todos ruíram enquanto Ele seguiu triunfante! Comunistas tentaram e fracassaram.
Ainda insistem em vencê-Lo…
Comunistas achavam que, sendo vencedores na Segunda Guerra porque se aliaram aos EUA e ao Reino Unido contra o nazi-fascismo, acharam o caminho das pedras para destruí-Lo e eis que tomaram conta do Leste Europeu. Mais perseguições a Ele e seus fiéis. Tortura de padres, proibições de cultos, humilhações a peregrinos… Mas então, justamente na Polônia, ocupada e vitimada por sindicalistas aliados dos comunistas de Moscou, um homem do clero foi levantado que viria a se tonar papa no final dos anos 1970: Karol Józef Wojtyła (1920-2005) foi o grande articulador que enquadrou o esquema de poder do comunismo nos anos 1980, aliando-se à “dama de ferro” Thatcher e ao presidente americano Reagan.
E eis que o Muro de Berlim caiu…O comunismo bolchevique desabou…A União Soviética faliu!
Enquanto Ele nos agracia com a liberdade que nos faz amá-lo onde não há coerção, o mundo que quer destruí-Lo oferece regimes, estados, sistemas, ideologias que querem nos obrigar, nos constranger, nos manipular. Enquanto o mundo do poder terreno O odeia, Ele segue entre nós para multiplicar o amor, guiar os que trabalham contra a fome, as injustiças, as torturas, as violações e tudo o mais que desumaniza a nossa espécie. Ele inspira a quem sabe que as leis de mercado são naturais a entenderem a lei do amor praticando a verdadeira bondade, pela livre e espontânea ação humana.
Fato é que sempre surgem novos candidatos a tomarem o lugar que Ele tem na nossa história… Em cuba, guardando os resquícios soviéticos, até hoje tentam silenciá-Lo, mas a chama que Ele acendeu teima em não se apagar e eis que os comunistas de lá vão “convivendo”. Na Coreia do Norte há quem acredite que o ditador de lá O venceu. Na China Ele é tolerado sob vigilância de um império cujo aparato pode ocupar o lugar do Império dos EUA no mundo. Todos estes poderes terrenos ainda acreditam que podem destruí-Lo. Conseguirão?
Monarcas absolutistas, revolucionários socialistas, comunistas, fascistas, nazistas, todos estes tentaram destruí-Lo e só Ele ficou de pé no final.
Conseguirão vencê-Lo os marxistas da atualidade, disfarçados de defensores da humanidade e de tudo o que atrai os incautos. Conseguirão os manipuladores que tratam a espécie humana brincando de deus, achando que podem ser “engenheiros” das sociedades enquanto instauram ditaduras camufladas nas democracias dos estados modernos? Conseguirão os gramcianos, os globalistas, os mandatários do Partido Comunista da China, os neoliberais e os sociais-democratas, os magnatas russos e muçulmanos, todos juntos fingindo estar separados, inspirados na diabólica Escola de Frankfurt, espalhados por este mundo nos papeis de juristas, políticos, professores, jornalistas, investidores, advogados, economistas, cientistas e até padres e pastores?
Ao meditar em tais coisas e nesta gloriosa trajetória desde a encarnação do Verbo, naquele primeiro Natal da Família Santa, pobre e isolada deste mundo que tenta destruí-Lo desde então, o meu exórdio aqui termina para neste Natal louvar o Vencedor da história; a Rocha dos Séculos. Cristo Jesus Nosso Senhor!
Música linda e texto maravilhoso.