Imagem: Revista Prosa Verso e Arte

Lord Byron

“I live not in myself, but I become
Portion of that around me; and to me
High mountains are a feeling, but the hum
Of human cities torture:”

Obra: Childe Harold’s Pilgrimage. LXXII. Blackmask Online, 2000. De George Gordon Byron (UK/London, 1788-1824).

No primeiro semestre de 1996 toda quinta um pequeno grupo de estudantes se encontrava para conversar sobre poesia. Um colega da graduação em economia achava que eu era “enrustido” pela frequência naquele “pequeno grupo”, composto por gente, segundo ele, “estranha” e “sensível demais”.

Minhas visitas eram apenas para ouvir, mas naquele dia me deu vontade de falar sobre aquele “intrigante” poema de Lord Byron:

“Não vivo por mim mesmo. Sou só um
Elo do que me cerca, mas se a altura
Das montanhas enleva-me, o zum-zum
Das cidades humanas me tortura
.

A criação só errou na criatura
Presa à carne, onde paro, relutante,
Buscando, libertada a alma pura,
Mesclar-me ao céu, aos montes, ao ondeante
Plaino do oceano, às estrelas, e ir adiante.

– Ligado com tudo que o cerca, está ao mesmo tempo perturbado e resistente a ser meramente consequência passiva do meio – comentei.

Em uma noite chuvosa que fora mesmo tão incomum para fevereiro quanto o acento de quem o recitou, naquela roda resplandeciam versos que comunicavam além das palavras.

Em cada cifra passaríamos profeticamente às profundezas de uma poesia por três meses que valeram alguns anos.

Foi a partir deste poema, na ironia de uma língua que não gosto nem um pouco, que assim começou a história de meu apego pela cultura italiana.

  1. Byron e Keats entreversos. Editora da Unicamp, 2009, Campinas. Tradução de Augusto de Campos,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *