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“[…] o controle de preços equivale a nada menos que privar uma sociedade livre de seu mecanismo de coordenação econômica.[…]”
Obra: Como a China escapou da terapia de choque. 2. Da economia de mercado à economia de guerra, e vice-versa Boitempo, 2023., São Paulo. Tradução de Diogo Fagundes. De Isabella M. Weber (Deutschland/Nürnberg, 1987).
A professora de economia da University of Massachusetts Amhers, neste capítulo sobre controle de preços, dá uma demonstração de genuíno debate econômico ao versar com imparcialidade por diferentes correntes do pensamento, incluindo a Escola Austríaca (EA) que, pelo menos em minha vida de aluno, foi marginalizada.
No trecho (p. 134), refere-se a Hayek, em uma bela síntese. É interessante ver como o comportamento enviesado, seja entre intervencionistas ou entre “ultra” liberais, prejudica o debate econômico. Será que uma escola pela qual não se tem preferência, não tem nada a contribuir?, perguntei a um assessor de um político favorável a “controle de preços”, assim que notei seu olhar de desapontamento quando citei a EA como ponto crítico de grande relevância no assunto.
Na obra, Isabella M. Weber também cita Mises e o debate do cálculo econômico socialista (p. 135), o que pode causar urticária em socialistas e progressistas apaixonados pelo modelo chinês o qual, não raramente, chamam de “socialismo de mercado”. A crítica de Mises à impossibilidade de cálculo econômico, típica de uma sociedade governada por aversão à liberdade de mercado, foi um tema que só pude estudar bem através de um empreendimento autodidata aqui no meu segundo andar, cinco anos após a “formação”. Se dependesse do que me ofereceu o sistema convencional de ensino dito “superior”, eu teria ficado apenas com uma notinha de rodapé.
A expert alemã em economia chinesa abre o capítulo lembrando que nas tradições europeias e americanas, a teorização de controles de preços está ligada à guerra (p. 102) e então faz um interessante resumo histórico das ideias que se desenvolveram até chegar em Galbraith, a mais importante figura no fixação de preços durante a Segunda Guerra no contexto norte-americano (p. 105). Evidentemente, neste debate, não poderia falta o mais acalorado no mainstream: Keynes versus Hayek (a partir da p. 106), entre outros nomes, como Alvin Hansen e Leon Henderson, quando então insere um assunto que pode causar surpresa a quem vê os Estados Unidos, historicamente, como um país modelo da liberdade de mercado: as tentativas práticas de controle de preços na economia norte-americana (a partir da p. 113).
Os resultados não foram satisfatórios quanto ao controle seletivo (p. 118), embora o contrário fora entendido em termos mais abrangentes, por Seymour Harris e pela Comissão Cowles para Pesquisa em Economia (a partir da p. 120). Aborda-se o choque com a liberalização repentina dos preços (p. 128) no pós-guerra, além da batalha ideológica entre defensores do tabelamento e favoráveis ao livre mercado (p. 132), quando então são inseridos no debate textual dois ícones da EA: Hayek e Mises (a partir de p. 133). Friedman, de outra linha liberal, claro, também faz parte (p. 137), para a autora, na conclusão, destaco, apontar o conflito em torno do tema, tão comum até os dois atuais (pp. 139-141).
A doutora presenteia o leitor com uma bela abordagem de recorte histórico mais enfatizado no século XX, sobre o tema que me seduziu a me graduar em economia e não em contabilidade.
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